“Saber para prever a fim de prover.”
(Augusto Comte)
Tornou-se modismo dizer: “nada acontece por acaso.” Para todos os males esta frase é receitada. Se o cachorro morreu, se o copo caiu ou se o casamento acabou, lá está ela explicando. Afinal, se nada acontece por acaso, então há destino? Os fatos tinham que acontecer assim? Os conceitos andam misturados e tem se falado demais o que cabe no de menos. Então vamos explicar melhor. Sim, não existe acaso. Mas a afirmação “nada acontece por acaso” tem sido usado com um significado distorcido, pois implicitamente está se dizendo que Deus quis e interveio para que aquilo acontecesse, independentemente de nossa ação ou omissão. É um erro. Será que Deus interfere sempre nos rumos de nossa vida? Será que existe destino? Será que cada fato de sua vida já está determinado? Será que uma pessoa já nasce condenada a ser de um jeito? Cadê nosso livre-arbítrio? Cadê a responsabilidade por nossos atos e o valor do esforço, da dedicação, da preparação? Vamos explicar alguns aspectos.
Existem várias teorias que tentam explicar o assunto. Vamos conversar sobre as cinco principais. A casualidade; o livre-arbítrio absoluto; o fatalismo; o predestinacionismo e o determinismo.
Os que defendem a casualidade, acreditam no poder do acaso, das coincidências, da força cega. Por isso, não acreditam em Deus e na lógica da vida e do universo.
Os defensores do livre-arbítrio absoluto acreditam que podem tudo, que o homem é a medida de todas as coisas e o senhor autônomo de seu destino, independentemente de circunstâncias, contexto e condicionamentos. Nada deve cercear sua liberdade.
O fatalismo defende que tudo está predeterminado, ou seja, acreditam no destino. Alguns já nascem para brilhar e outros para perder, sendo, de tabela, irrelevante o esforço para mudar o destino. Dentro da corrente fatalista, uma mais moderna chama atenção: são os fatalistas genéticos. Segundo eles, são os genes - nossa herança hereditária -, que definem quem somos, inclusive em relação a nossa personalidade e caráter. Segundo essa corrente filosófica, de muito pouco adianta tentar educar uma pessoa que tem herança genética para ser ignorante ou tentar reintegrar um criminoso que tem em sua herança genética a tendência delinqüente.
Os predestinacionistas acreditam não apenas que uns são beneficiados com a sorte e outros com o azar. Separam a criação divina entre escolhidos e os anjos caídos. Os primeiros podem ser salvos, os segundo já nascem condenados ao inferno.
Por fim, a mais sensata de todas e a abraçada pela doutrina espírita, é a teoria determinista, que – ao contrário do que se pensa – não prega o destino, mas a programação espiritual, que é resultado da lei de causa e efeito. O destino, no seu conceito clássico, atinge todos os fatos da vida. Tudo que acontece na vida estaria fixado inexoravelmente. A programação espiritual, diferentemente, restringe-se a alguns fatos. Os demais fatos são consequências de nossas ações e omissões. Além disso, a teoria determinista concilia-se com perspectivas psicológicas, filosóficas e históricas, pois não nega a influência do meio, do momento social, cultural, histórico e dos demais condicionamentos humanos.
Por isso defende que o livre-arbítrio existe, mas não é absoluto, já que a atitude do homem pode sim ser decisiva quanto aos rumos de sua vida, mas não desconsidera os demais fatores que o influenciam no uso do livre-arbítrio. Os espíritos superiores ensinam (Questão 845, do Livro dos Espíritos) que “não há, porém, arrastamento irresistível, uma vez que se tenha a vontade de resistir. Lembrai-vos de que querer é poder.” Portanto, se um copo cai no chão não é errado você dizer: “nada acontece por acaso”, desde que você não esteja querendo insinuar que Deus deu um empurrãozinho na sua mão e foi o responsável pela queda do copo. Ele caiu porque você não o segurou como devia ou porque bateu sem querer nele ou por quaisquer outros motivos.
Como se vê não foi por acaso, a queda foi o efeito de uma causa, mas não foi Deus, foi você que o derrubou. Esse exemplo simples, serve para muitas outras tantas situações. O item 4, do capítulo V, do Evangelho Segundo o Espiritismo desmistifica o assunto: “De duas espécies são as vicissitudes da vida, ou se preferirem, promanam de duas fontes bem diferentes, que importa distinguir. Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida. Remontando-se à origem dos males, reconhecer-se-á que muitos são consequência natural do caráter e do proceder dos que os suportam. Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição! Quantos se arruinaram por falta de ordem, de perseverança, pelo mau proceder, ou por não terem sabido limitar seus desejos! Quantas uniões desgraçadas, porque resultaram de um cálculo de interesse ou de vaidade e nas quais o coração não tomou parte alguma! Quantas dissensões e funestas disputas se teriam evitado com um pouco de moderação e menos suscetibilidades! Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança e dos excesso de todo gênero! (...) O homem, pois, em grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-los, acha mais simples, menos humilhante para sua vaidade acusar a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua incúria.”
De tudo quanto foi dito, fica claro que o acaso realmente não existe, mas os acontecimentos de nossa vida são, em sua maioria, resultados diretos de nosso comportamento e da combinação de vários fatores. Deus age sim em nossas vidas e muito, mas não viola nosso livre-arbítrio e também não castiga, apenas permite que recebamos a colheita de acordo com o que plantamos.
(Augusto Comte)
Tornou-se modismo dizer: “nada acontece por acaso.” Para todos os males esta frase é receitada. Se o cachorro morreu, se o copo caiu ou se o casamento acabou, lá está ela explicando. Afinal, se nada acontece por acaso, então há destino? Os fatos tinham que acontecer assim? Os conceitos andam misturados e tem se falado demais o que cabe no de menos. Então vamos explicar melhor. Sim, não existe acaso. Mas a afirmação “nada acontece por acaso” tem sido usado com um significado distorcido, pois implicitamente está se dizendo que Deus quis e interveio para que aquilo acontecesse, independentemente de nossa ação ou omissão. É um erro. Será que Deus interfere sempre nos rumos de nossa vida? Será que existe destino? Será que cada fato de sua vida já está determinado? Será que uma pessoa já nasce condenada a ser de um jeito? Cadê nosso livre-arbítrio? Cadê a responsabilidade por nossos atos e o valor do esforço, da dedicação, da preparação? Vamos explicar alguns aspectos.
Existem várias teorias que tentam explicar o assunto. Vamos conversar sobre as cinco principais. A casualidade; o livre-arbítrio absoluto; o fatalismo; o predestinacionismo e o determinismo.
Os que defendem a casualidade, acreditam no poder do acaso, das coincidências, da força cega. Por isso, não acreditam em Deus e na lógica da vida e do universo.
Os defensores do livre-arbítrio absoluto acreditam que podem tudo, que o homem é a medida de todas as coisas e o senhor autônomo de seu destino, independentemente de circunstâncias, contexto e condicionamentos. Nada deve cercear sua liberdade.
O fatalismo defende que tudo está predeterminado, ou seja, acreditam no destino. Alguns já nascem para brilhar e outros para perder, sendo, de tabela, irrelevante o esforço para mudar o destino. Dentro da corrente fatalista, uma mais moderna chama atenção: são os fatalistas genéticos. Segundo eles, são os genes - nossa herança hereditária -, que definem quem somos, inclusive em relação a nossa personalidade e caráter. Segundo essa corrente filosófica, de muito pouco adianta tentar educar uma pessoa que tem herança genética para ser ignorante ou tentar reintegrar um criminoso que tem em sua herança genética a tendência delinqüente.
Os predestinacionistas acreditam não apenas que uns são beneficiados com a sorte e outros com o azar. Separam a criação divina entre escolhidos e os anjos caídos. Os primeiros podem ser salvos, os segundo já nascem condenados ao inferno.
Por fim, a mais sensata de todas e a abraçada pela doutrina espírita, é a teoria determinista, que – ao contrário do que se pensa – não prega o destino, mas a programação espiritual, que é resultado da lei de causa e efeito. O destino, no seu conceito clássico, atinge todos os fatos da vida. Tudo que acontece na vida estaria fixado inexoravelmente. A programação espiritual, diferentemente, restringe-se a alguns fatos. Os demais fatos são consequências de nossas ações e omissões. Além disso, a teoria determinista concilia-se com perspectivas psicológicas, filosóficas e históricas, pois não nega a influência do meio, do momento social, cultural, histórico e dos demais condicionamentos humanos.
Por isso defende que o livre-arbítrio existe, mas não é absoluto, já que a atitude do homem pode sim ser decisiva quanto aos rumos de sua vida, mas não desconsidera os demais fatores que o influenciam no uso do livre-arbítrio. Os espíritos superiores ensinam (Questão 845, do Livro dos Espíritos) que “não há, porém, arrastamento irresistível, uma vez que se tenha a vontade de resistir. Lembrai-vos de que querer é poder.” Portanto, se um copo cai no chão não é errado você dizer: “nada acontece por acaso”, desde que você não esteja querendo insinuar que Deus deu um empurrãozinho na sua mão e foi o responsável pela queda do copo. Ele caiu porque você não o segurou como devia ou porque bateu sem querer nele ou por quaisquer outros motivos.
Como se vê não foi por acaso, a queda foi o efeito de uma causa, mas não foi Deus, foi você que o derrubou. Esse exemplo simples, serve para muitas outras tantas situações. O item 4, do capítulo V, do Evangelho Segundo o Espiritismo desmistifica o assunto: “De duas espécies são as vicissitudes da vida, ou se preferirem, promanam de duas fontes bem diferentes, que importa distinguir. Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida. Remontando-se à origem dos males, reconhecer-se-á que muitos são consequência natural do caráter e do proceder dos que os suportam. Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição! Quantos se arruinaram por falta de ordem, de perseverança, pelo mau proceder, ou por não terem sabido limitar seus desejos! Quantas uniões desgraçadas, porque resultaram de um cálculo de interesse ou de vaidade e nas quais o coração não tomou parte alguma! Quantas dissensões e funestas disputas se teriam evitado com um pouco de moderação e menos suscetibilidades! Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança e dos excesso de todo gênero! (...) O homem, pois, em grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-los, acha mais simples, menos humilhante para sua vaidade acusar a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua incúria.”
De tudo quanto foi dito, fica claro que o acaso realmente não existe, mas os acontecimentos de nossa vida são, em sua maioria, resultados diretos de nosso comportamento e da combinação de vários fatores. Deus age sim em nossas vidas e muito, mas não viola nosso livre-arbítrio e também não castiga, apenas permite que recebamos a colheita de acordo com o que plantamos.
Fonte: www.visaoespirita.blogspot.com
Adaptações: "Espiritismo, Luz da Verdade"
Adaptações: "Espiritismo, Luz da Verdade"