quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

O Alcoolismo

Sem nos determos no exame dos fatores sócio-psicológicos causais do alcoolismo generalizado, de duas ordens são as engrenagens que o desencadeiam,- observado o problema do ponto de vista espiritual.

Antigos viciados e dependentes do álcool, em desencarnando não se liberam do hábito, antes sofrendo-lhe mais rude imposição.

Prosseguindo a vida, embora a ausência do corpo, os vícios continuam vigorosos, jungindo os que a eles se aferraram a uma necessidade enlouquecedora. Atônitos e sedentos, alcoólatras desencarnados se vinculam às mentes irresponsáveis, de que se utilizam para dar larga à continuação do falso prazer, empurrando-os, a pouco e pouco, do aperitivo tido como inocente ao lamentável estado de embriaguez. Os que lhes caem nas malhas, tomam-se, por isso mesmo, verdadeiros recipientes por meio dos quais absorvem os vapores deletérios, caindo, também, em total desequilíbrio, até quando a morte advém à vítima, ou as Soberanas Leis os recambiam à matéria, que padecerá das dolorosas injunções constritoras que lhe impõe o corpo perispiritual...

Normalmente, quando reencarnados, os antigos viciados recomeçam a atividade mórbida, servindo, a seu turno, de instrumento do gozo infeliz, para os que se demoram na Erraticidade inferior...

Outras vezes, os adversários espirituais, na execução de uma programática de desforço pelo ódio, induzem os seus antigos desafetos à iniciação alcoólica, mediante pequenas doses, com as quais no transcurso do tempo os conduzem à obsessão, desorganizando-lhes a aparelhagem físio-psíquica e dominando-os totalmente.

No estado de alcoolismo faz-se muito difícil a recomposição do paciente, dele exigindo um esforço muito grande para a recuperação da sanidade.

Não se afastando a causa espiritual, torna-se menos provável a libertação, desde que, cessados os efeitos de quaisquer terapêuticas acadêmicas, a influência psíquica se manifesta, insidiosa, repetindo-se a lamentável façanha destruidora...

A obsessão, através do alcoolismo, é mais generalizada do que parece.

Num contexto social permissivo, o vício da ingestão de alcoólicos torna-se expressão de status, atestando a decadência de um período histórico que passa lento e doído.

Pelos idos de 1851, porque enxameassem os problemas derivados da alcoolofilia, Magno Huss realizou, por vez primeira, um estudo acurado da questão, promovendo um levantamento dos danos causados no indivíduo e alertando as autoridades para as conseqüências que produz na sociedade.

Os que tombam na urdi dura alcoólica, justificam-lhe o estranho prazer, que de início lhes aguça a inteligência, faculta-lhes sensações agradáveis, liberando-os dos traumas e receios, sem se darem conta de que tal estado é fruto das excitações produzidas no aparelho circulatório, respiratório com elevação da temperatura para, logo mais: produzir o nublar da lucidez, a alucinação, o desaparecimento do equilíbrio normal dos movimentos...

Inevitavelmente, o viciado sofre uma congestão cerebral intensa ou experimenta os dolorosos estados convulsivos, que se tornam perfeitos delírios epilépticos, dando margem a distúrbios outros: digestivos, circulatórios, nervosos que podem produzir lesões irreversíveis, graves.

A dependência e continuidade do vício conduz ao delirium tremens, resultante da cronicidade do alcoolismo, gerando psicoses, alucinações várias que culminam no suicídio, no homicídio, na loucura irrecuperável.

Mesmo em tal caso, a constrição obsessiva segue o seu curso lamentável, já que, não obstante destrambelhadas as aparelhagens do corpo, o espírito encarnado continua a ser dominado pelos seus algozes impenitentes em justas de difícil narração...

Além dos danos sociais que o alcoolismo produz, engendrando a perturbação da ordem, a queda da natalidade, a incidência de crimes vários, a decadência econômica e moral, é enfermidade espiritual que o vero Cristianismo erradicará da Terra, quando a moral evangélica legítima substituir a débil moral social, conveniente e torpe.

Ao Espiritismo cumpre o dever de realizar a psicoterapia valiosa junto a tais enfermos e, principalmente, a medida preventiva pelos ensinos corretos de como viver-se em atitude consentânea com as diretrizes da Vida Maior.


Victor Hugo
Livro:Calvário de Libertação. Psicografia de Divaldo P. Franco

Fonte: www.panoramaespirita.com.br


segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Mediunidade

“Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. (...) Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. (Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, capítulo XIV).

Assim, conforme asseverou o Codificador, todos mantemos contato com o Mundo Espiritual, pois vivemos em incessante intercâmbio com o mesmo. Desta forma, ao fazermos uma oração recebemos o amparo da espiritualidade maior, do nosso protetor/mentor espiritual, entramos em contato com as usinas de força da Vida Maior. Por conseguinte, estamos exercendo a mediunidade, haja vista que recebemos a influência dos espíritos superiores. E, pela questão da sintonia vibratória, isso também vale para os espíritos menos elevados, pois quando alguém tem pensamentos inferiores, espíritos que se afinam com estes são atraídos. "O pensamento é o laço que nos une aos Espíritos, e pelo pensamento nós atraímos os que simpatizam com as nossas idéias e inclinações". Allan Kardec. Entretanto, usualmente só se chamam de médiuns “aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva”. (Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, capítulo IX)

Posto isso, os principais tipos de mediunidade são:

Médiuns de efeitos físicos: este tipo pode ser dividido em dois grupos, ou seja, os facultativos - que têm consciência dos fenômenos por eles produzidos - e os involuntários ou naturais, que são inconscientes de suas faculdades, mas são usados pelos espíritos para promoverem manifestações fenomênicas sem que o saibam.

Médiuns sensitivos ou impressionáveis: são pessoas suscetíveis de sentirem a presença dos espíritos por uma vaga impressão. Esta faculdade se desenvolve pelo hábito e pode adquirir tal sutileza, que aquele que a possui reconhece, pela impressão que experimenta, não só a natureza, boa ou má, do espírito que se aproxima, mas até a sua individualidade.

Médiuns audientes ou clariaudientes: neste caso os médiuns ouvem a voz dos espíritos. O fenômeno manifesta-se algumas vezes como uma voz interior, que se faz ouvir no foro íntimo. Outras vezes, dá-se como uma voz exterior, clara e distinta, semelhante a de uma pessoa viva. Os médiuns audientes podem, assim, estabelecer conversação com os espíritos.

Médiuns videntes ou clarividentes: são dotados da faculdade de ver os espíritos. Cabe salientar que o médium não vê com os olhos, mas é a alma quem vê e por isso é que eles tanto vêem com os olhos fechados, como com os olhos abertos.

Médiuns psicofônicos: neste tipo o médium serve como um instrumento pelo qual o espírito se comunica pela fala; assim, há a acoplação do perispírito do espírito comunicante no perispírito do médium, permitindo, assim, que o espírito utilize o aparelho fonador do médium para fazer uso da fala.

Médiuns de cura: Este gênero de mediunidade consiste, principalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação. Dir-se-á, sem dúvida, que isso mais não é do que magnetismo. Evidentemente, o fluido magnético desempenha aí importante papel. Porém, quem examina cuidadosamente o fenômeno sem dificuldade reconhece que há mais alguma coisa. A magnetização ordinária é um verdadeiro tratamento seguido, regular e metódico. No caso que apreciamos, as coisas se passam de modo inteiramente diverso. Todos os magnetizadores são mais ou menos aptos a curar, desde que saibam conduzir-se convenientemente, ao passo que nos médiuns curadores a faculdade é espontânea e alguns até a possuem sem jamais terem ouvido falar de magnetismo. A intervenção de uma potência oculta, que é o que constitui a mediunidade, se faz manifesta, em certas circunstâncias, sobretudo se considerarmos que a maioria das pessoas que podem, com razão, ser qualificadas de médiuns curadores recorre à prece, que é uma verdadeira evocação.

Médiuns mecânicos: Quem examinar certos efeitos que se produzem nos movimentos da mesa, da cesta, ou da prancheta que escreve não poderá duvidar de uma ação diretamente exercida pelo Espírito sobre esses objetos. A cesta se agita por vezes com tanta violência, que escapa das mãos do médium e não raro se dirige a certas pessoas da assistência para nelas bater. Outras vezes, seus movimentos dão mostra de um sentimento afetuoso. O mesmo ocorre quando o lápis está colocado na mão do médium; freqüentemente é atirado longe com força, ou, então, a mão, bem como a cesta, se agitam convulsivamente e batem na mesa de modo colérico, ainda quando o médium está possuído da maior calma e se admira de não ser senhor de si. Digamos, de passagem, que tais efeitos demonstram sempre a presença de Espíritos imperfeitos; os Espíritos superiores são constantemente calmos, dignos e benévolos; se não são escutados convenientemente, retiram-se e outros lhes tomam o lugar. Pode, pois, o Espírito exprimir diretamente suas idéias, quer movimentando um objeto a que a mão do médium serve de simples ponto de apoio, quer acionando a própria mão.

Quando atua diretamente sobre a mão, o Espírito lhe dá uma impulsão de todo independente da vontade deste último. Ela se move sem interrupção e sem embargo do médium, enquanto o Espírito tem alguma coisa que dizer, e pára, assim ele acaba.

Nesta circunstância, o que caracteriza o fenômeno é que o médium não tem a menor consciência do que escreve. Quando se dá, no caso, a inconsciência absoluta; têm-se os médiuns chamados passivos ou mecânicos. É preciosa esta faculdade, por não permitir dúvida alguma sobre a independência do pensamento daquele que escreve.

Médiuns intuitivos: A transmissão do pensamento também se dá por meio do Espírito do médium, ou, melhor, de sua alma, pois que por este nome designamos o Espírito encarnado. O Espírito livre, neste caso, não atua sobre a mão, para fazê-la escrever; não a toma, não a guia. Atua sobre a alma, com a qual se identifica. A alma, sob esse impulso, dirige a mão e esta dirige o lápis. Notemos aqui uma coisa importante: é que o Espírito livre não se substitui à alma, visto que não a pode deslocar. Domina-a, mau grado seu, e lhe imprime a sua vontade. Em tal circunstância, o papel da alma não é o de inteira passividade; ela recebe o pensamento do Espírito livre e o transmite. Nessa situação, o médium tem consciência do que escreve, embora não exprima o seu próprio pensamento. E o que se chama médium intuitivo.

Mas, sendo assim, dir-se-á, nada prova seja um Espírito estranho quem escreve e não o do médium. Efetivamente, a distinção é às vezes difícil de fazer-se, porém, pode acontecer que isso pouca importância apresente. Todavia, é possível reconhecer-se o pensamento sugerido, por não ser nunca preconcebido; nasce à medida que a escrita vai sendo traçada e, amiúde, é contrário à idéia que antecipadamente se formara. Pode mesmo estar fora dos limites dos conhecimentos e capacidades do médium.

O papel do médium mecânico é o de uma máquina; o médium intuitivo age como o faria um intérprete. Este, de fato, para transmitir o pensamento, precisa compreendê-lo, apropriar-se dele, de certo modo, para traduzi-lo fielmente e, no entanto, esse pensamento não é seu, apenas lhe atravessa o cérebro. Tal precisamente o papel do médium intuitivo.

Médiuns semimecânicos: No médium puramente mecânico, o movimento da mão independe da vontade; no médium intuitivo, o movimento é voluntário e facultativo. O médium semimecânico participa de ambos esses gêneros. Sente que à sua mão uma impulsão é dada, mau grado seu, mas, ao mesmo tempo, tem consciência do que escreve, à medida que as palavras se formam. No primeiro o pensamento vem depois do ato da escrita; no segundo, precede-o; no terceiro, acompanha-o. Estes últimos médiuns são os mais numerosos

Médiuns inspirados: Todo aquele que, tanto no estado normal, como no de êxtase, recebe, pelo pensamento, comunicações estranhas às suas idéias preconcebidas, pode ser incluído na categoria dos médiuns inspirados. Estes, como se vê, formam uma variedade da mediunidade intuitiva, com a diferença de que a intervenção de uma força oculta é aí muito menos sensível, por isso que, ao inspirado, ainda é mais difícil distinguir o pensamento próprio do que lhe é sugerido. A espontaneidade é o que, sobretudo, caracteriza o pensamento deste último gênero. A inspiração nos vem dos Espíritos que nos influenciam para o bem, ou para o mal, porém, procede, principalmente, dos que querem o nosso bem e cujos conselhos muito amiúde cometemos o erro de não seguir. Ela se aplica, em todas as circunstâncias da vida, às resoluções que devamos tomar. Sob esse aspecto, pode dizer-se que todos são médiuns, porquanto não há quem não tenha seus Espíritos protetores e familiares, a se esforçarem por sugerir aos protegidos salutares idéias. Se todos estivessem bem compenetrados desta verdade, ninguém deixaria de recorrer com freqüência à inspiração do seu anjo de guarda, nos momentos em que se não sabe o que dizer, ou fazer. Que cada um, pois, o invoque com fervor e confiança, em caso de necessidade, e muito freqüentemente se admirará das idéias que lhe surgem como por encanto, quer se trate de uma resolução a tomar, quer de alguma coisa a compor. Se nenhuma idéia surge, é que é preciso esperar. A prova de que a idéia que sobrevém é estranha à pessoa de quem se trate está em que, se tal idéia lhe existira na mente, essa pessoa seria senhora de, a qualquer momento, utilizá-la e não haveria razão para que ela se não manifestasse à vontade. Quem não é cego nada mais precisa fazer do que abrir os olhos, para ver quando quiser. Do mesmo modo, aquele que possui idéias próprias tem-nas sempre à disposição. Se elas não lhes vêm quando quer, é que está obrigado a buscá-las algures, que não no seu intimo.

Também se podem incluir nesta categoria as pessoas que, sem serem dotadas de inteligência fora do comum e sem saírem do estado normal, têm relâmpagos de uma lucidez intelectual que lhes dá momentaneamente desabitual facilidade de concepção e de elocução e, em certos casos, o pressentimento de coisas futuras. Nesses momentos, que com acerto se chamam de inspiração, as idéias abundam, sob um impulso involuntário e quase febril. Parece que uma inteligência superior nos vem ajudar e que o nosso espírito se desembaraçou de um fardo.

Os homens de gênio, de todas as espécies, artistas, sábios, literatos, são sem dúvida Espíritos adiantados, capazes de compreender por si mesmos e de conceber grandes coisas. Ora, precisamente porque os julgam capazes, é que os Espíritos, quando querem executar certos trabalhos, lhes sugerem as idéias necessárias e assim é que eles, as mais das vezes, são médiuns sem o saberem. Têm, no entanto, vaga intuição de uma assistência estranha, visto que todo aquele que apela para a inspiração, mais não faz do que uma evocação. Se não esperasse ser atendido, por que exclamaria, tão freqüentemente: meu bom gênio, vem em meu auxílio?

As respostas seguintes confirmam esta asserção:

a) Qual a causa primária da inspiração?
"O Espírito que se comunica pelo pensamento."

b) A revelação das grandes coisas não é que constitui o objeto único da inspiração?
"Não, a inspiração se verifica, muitas vezes, com relação às mais comuns circunstâncias da vida. Por exemplo, queres ir a alguma parte: uma voz secreta te diz que não o faças, porque correrás perigo; ou, então, te diz que faças uma coisa em que não pensavas. É a inspiração. Poucas pessoas há que não tenham sido mais ou menos inspiradas em certos momentos."

c) Um autor, um pintor, por exemplo, poderiam, nos momentos de inspiração, ser considerados médiuns?
"Sim, porquanto, nesses momentos, a alma se lhes torna mais livre e como que desprendida da matéria; recobra uma parte das suas faculdades de Espírito e recebe mais facilmente as comunicações dos outros Espíritos que a inspiram."

Médiuns de pressentimentos: O pressentimento é uma intuição vaga das coisas futuras. Algumas pessoas têm essa faculdade mais ou menos desenvolvida. Pode ser devida a uma espécie de dupla vista, que lhes permite entrever as conseqüências das coisas atuais e a filiação dos acontecimentos. Mas, muitas vezes, também é resultado de comunicações ocultas e, sobretudo neste caso, é que se pode dar aos que dela são dotados o nome de médiuns de pressentimentos, que constituem uma variedade dos médiuns inspirados.

Médiuns psicógrafos: Transmitem as comunicações dos espíritos através da escrita. São subdivididos em mecânicos, semimecânicos e intuitivos. Os mecânicos não têm consciência do que escrevem e a influência do pensamento do médium na comunicação é quase nenhuma. Como há um grande domínio da entidade sobre a faculdade mediúnica a idéia do espírito comunicante se expressa com maior clareza. Há casos em que o médium psicografa mensagens complexas conversando com outras pessoas, totalmente distraído do que escreve. Já nos semimecânicos, a influência da entidade comunicante sobre as faculdades mediúnicas não é tão intensa, pois a comunicação sofre uma influência do pensamento do médium. Isso ocorre com a maioria dos médiuns psicógrafos. Com relação os intuitivos, estes recebem a idéia do espírito comunicante e a interpretam, desenvolvendo-a com os recursos de suas próprias possibilidades morais e intelectuais.

“Mediunidade espírita, porém, é a que faculta o intercâmbio consciente, responsável, entre o mundo físico e o espiritual, facultando a sublimação das provas pela superação da dor e pela renúncia às paixões, ao mesmo tempo abrindo à criatura os horizontes luminosos para a libertação total, mediante o serviço aos companheiros do caminho humano, gerando amor com os instrumentos da caridade redentora de que ninguém pode prescindir”. Joanna de Ângelis (espírito), livro Oferenda – pág. 130/131 -, psicografado por Divaldo Franco

Fonte: www.oespiritismo.com.br



sábado, 27 de dezembro de 2008

A Face do Cristo

A face é sempre o espelho do que nos vai à alma.

Podemos soerguer-nos e manter um porte ereto, mas se nossa face está alquebrada, tudo o mais é visto sob essa ótica. A face expressa nossa resolução, tristeza, desalento ou expressa ainda os sentimentos informes que porventura abrigamos.

Sendo os olhos a janela da alma incrustados na face traduzem o que a expressão pode querer mascarar.

A alma imprime na face a sua marca. A alma iluminada traduz na face a sua marca. A alma iluminada traduz na face a sua luz, sobrepujando os traços fisionômicos e as marcas indeléveis que o tempo possa ter deixado. As almas cruéis, arrogantes e autoritárias sobrepujam fisionomias que possam ser jovens, viçosas e aparentemente alegres, deixando uma sombra que se traduz em uma marca desagradável que muitas vezes não conseguimos traduzir, a não ser como uma sensação ruim.

As almas fugidias, dissimuladas e indecisas trazem os traços mal definidos no rosto e o olhar fugidio.

As almas cruéis terão pouca expressividade e o olhar trará consigo o sopro gelado da alma que não consegue se aquecer por qualquer tipo de sentimento mais nobre.

Quando retratamos o Cristo crucificado podemos observar que na maioria das vezes a cabeça pende, a expressão é de desalento ou de derrota e a sensação que se tem é de uma tristeza profunda, tisnada por um desalento e sensação de orfandade. As pessoas que cultivam o Cristo crucificado tendem a se identificar com a tristeza, a autocomiseração e a incapacidade de soerguimento, cultivando a derrota.

Falsa idéia da face do Cristo.

A verdadeira face do Cristo é de luz, amor, caridade e brandura, firmeza e determinação.

Olhar sereno, transparente que mergulha no nosso, não como a querer nos dissecar a alma, mas com o sentimento de acolhida e calor fraterno.

Face que seduz e eleva, que liberta, soergue e traduz vitórias. Conquista de uma nova estrutura espiritual.

Devemos nos recordar do Cristo como uma face que, se contemplada pode nos cegar como cegou a Saulo, mas que pode também e assim o faz, descortinar as potencialidades da nossa alma, ajudá-la a sustentar o seu crescimento numa chama de desprendimento, harmonia e determinação.

Essa a conversão esperada do servidor do Cristo.

A determinação de manter o olhar firme em direção à face e aos olhos do Cristo nimbados de luz, não importando os traços fisionômicos, pois que passageiros e suplantados pela luz de sua alma divina.

Um amigo espiritual
Mensagem psicografada pela médium
Ionilda R. G. Velloso Carvalho em 12.08.2002
na Liga Espírita de Campos


Fonte: www.ger.org.br


História do Espiritismo

A Chegada

Os fundamentos filosóficos, científicos e religiosos da Doutrina Espírita são do conhecimento da humanidade desde remota antigüidade.

O Espiritismo, através dos ensinamentos dos Espíritos, codificados por Allan Kardec, deu a esses conhecimentos milenares novos enfoques e os entrelaçou, corporificando-os numa doutrina plena de lógica, "capaz de enfrentar a razão em todas as épocas da humanidade".

O Espiritismo aceita plenamente a teoria reencarnacionista, que explica filosoficamente o problema do ser, do destino e da dor, cientificamente, concorda com a teoria da evolução das espécies, de Darwin.

Admite a prática do mediunismo, que possibilita um intercâmbio consciente com os espíritos, fundamentado na observação, pesquisa e experimentação. Intercâmbio, este, de extrema importância para a comprovação científica da sobrevivência da alma após a morte, do conhecimento da vida espiritual e do extrafísico.

A base religiosa e moral do Espiritismo é o Cristianismo. Os espíritos descortinaram e esclareceram, com sabedoria e simplicidade, toda a beleza dos ensinamentos de Jesus, contidos nos Evangelhos.

O estudo da Boa Nova, à luz da Doutrina dos Espíritos, demonstra a profundidade, a perfeição e a incomensurável grandeza de Deus. Revela o código moral inatacável, o roteiro infalível para a conquista da verdadeira felicidade e compreensão da vida futura.

Os sucessos espirituais são elos de uma interminável corrente que se iniciou no alvorecer da humanidade, quando os hominídeos ensaiavam os primeiros passos no uso da razão, dentro do livre arbítrio, na longa caminhada para a angelitude.

A espiritualização da humanidade é gradativa. Os grandes acontecimentos demarcadores do caminho são precedidos por eventos que lhe preparam a aceitação, dentro de um contexto evolutivo.

No início do século XIX, a humanidade consolidava o grande avanço científico, tecnológico e social que a libertaria das amarras que a subjugavam às Igrejas, que,amparadas pelas fogueiras da intolerância, sufocavam o saber, com prepotência.

A Espiritualidade Superior vislumbrou o progresso da Ciência, a derrocada das religiões e a grande luta que se travaria entre o saber e a fé dogmática coerciva. Os homens ilustrados negariam a imortalidade da alma. Negariam a Deus. Os cientistas libertos da religião pragmática e fanática se tornariam materialistas e instalariam o culto à matéria. Os ensinamentos de Jesus, relegados a plano inferior, seriam considerados piegas, coisas para mulheres, crianças e sentimentais visionários, "ópio do povo".

Era o momento de realizar-se a promessa do Cristo, apontada por João (XIV: 15 a 17:26): "Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei ao meu Pai e ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: - o Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê e absolutamente não o conhece. Mas, quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ele ficará convosco e estará em vós. - Porém o Consolador, que é o Espírito Santo, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito."

Era o momento para a chegada do Consolador, que entre nós haveria de permanecer, trazendo os ensinamentos da grande verdade que possibilitaria a harmonização do saber com a fé e o amor. Seria o traço de luz para a união entre a Ciência e a Religião, para que, um dia, ao longo dos séculos, se tornem uma só: a Ciência será a Religião do futuro; a Religião do futuro será a Ciência. A fé alicerçada na razão unificará o crer e o saber.


Do livro: Tire suas dúvidas - Grandes Temas Espíritas
Autor: Homero Moraes Barros
Editora Didier

Fonte: www.ger.org.br


sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Finalidades Gerais do Espiritismo

Qualquer obra educativa que vise instruir sobre trabalhos práticos da Doutrina Espírita deve ter por base, em primeiro lugar, a mais perfeita e justa compreensão das finalidades doutrinárias; sem que, rigorosamente, parta de uma primícia clara e segura, nenhum esforço nesse sentido levará a bons resultados, nem mesmo será um trabalho criterioso e lógico.

Doutra parte essas finalidades, por serem várias, devem ser divididas em principais e secundárias, porque assim se poderá pôr em evidência aquilo que tem mais importância e relegar a segundo plano tudo quanto não seja fundamental, essencial.


Nos três diferentes aspectos que o Espiritismo apresenta, a finalidade principal, sem a menor dúvida, está contida no aspecto religioso; é aquela que remonta, no curso do tempo, ao Paracleto prometido pelo Cristo em sua última encarnação, na Palestina, quando disse que não nos deixaria órfãos; que mais tarde nos enviaria o Espírito da Verdade para ensinar as coisas que ele próprio - o Cristo - não poderia, naquela ocasião revelar, considerando o atraso evolutivo da humanidade; e, também, quando noutro ponto, disse que conheceríamos a Verdade e que esta nos tornaria livres.


Ora, essa promessa de ensino de futuras verdades está sendo realizada pelo Espiritismo que é, por isso mesmo, considerado o Cristianismo redivivo; o Espiritismo que, de certa forma e, pelo menos nas mentes de hoje, ressuscitou o Jesus verdadeiro, dando nova vida e significação aos seus ensinamentos redentores.


Portanto, se ele é a promessa do Paracleto em pleno curso e se essa promessa se refere, principalmente, ao conhecimento de verdades espirituais redentoras, é evidente que sua finalidade principal é esclarecer e espiritualizar seus adeptos, evangelizando-os, porque este é o único meio de se libertarem das esferas da vida espiritual inferior, da escravidão do pecado e do erro.


Mas, que significa espiritualização, evangelização?


Significará, porventura, cada um viver normalmente sua vida, gozando dos bens da saúde, das comodidades, das honrarias e posições que esta vida lhes proporciona?


Absolutamente não; muito ao contrário, espiritualização é desprendimento do mundo e de seus atrativos e fascinações. Mesmo quando não se o abandone e despreze, pois que nele vivemos e dele necessitamos para as realizações evolutivas, todavia não o devemos considerar como um fim mas, simplesmente, como um meio de atingirmos pontos mais altos na escalada da verdade espiritual.


Portanto, espiritualização é renúncia, sacrifício, devotamento ao próximo, bondade e humildade; é conquista de virtudes morais e sua exemplificação no ideal de servir e não o usufruto de bens materiais perecíveis.


Por isso que o Divino Mestre deixou esta advertência profunda: "Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça e tudo o mais vos será dado por acréscimo".


Buscar o Reino de Deus é subir na espiritualização de si mesmo, é conquistar as virtudes cristãs que o Divino Mestre exemplificou com a sua própria vida, comprovando com seus atos as verdades que ensinava. Portanto, se o Espiritismo é a atualização dessas verdades, se é o Paracleto prometido e já chegado, sua finalidade não é somente o intercâmbio mediúnico entre vivos e mortos; não é assistência material que se presta caridosamente aos necessitados; não é a cura de moléstias sempre úteis à purificação de corpo e espírito; nem tampouco a fenomenologia ostentada pelas sessões de efeitos físicos, nem a maioria dos atos e práticas realizados diariamente por toda parte nos agrupamentos espíritas mas, sobretudo, a espiritualização, repetimos, a evangelização dos adeptos; não os conhecimentos do campo intelectual que muitas vezes levam à egolatria, mas os esforços humildes e silenciosos da reforma íntima, que exclusivamente se operam no campo da vida moral.


Por isso é que o insigne Codificador Kardec asseverou de forma incisiva e inspirada - "que se conhece o verdadeiro espírita pela transformação moral pela qual ele passa"; o homem velho, do passado, cheio de vícios, defeitos, paixões e impulsos animalizados, transmutando-se no homem novo, moralmente reformado, voltado agora para a vida virtuosa, preocupado com a conduta e as realizações próprias desse campo; o homem do mundo tornado, por esforço próprio, discípulo do Cristo, propagador consciente e corajoso dos seus ensinamentos redentores. Sim, porque quem exemplifica, propaga.


Assim, pois, resumindo e repetindo, diremos que a finalidade principal do Espiritismo é a evangelização e o esclarecimento das almas, e que todas as demais modalidades ou aspectos do problema são secundários ou decorrentes.


Qualquer programa, portanto, a se organizar sobre trabalhos práticos deve ter em vista, rigorosamente, esta conclusão.


Dispensável será, ainda em tempo, dizer que como o Consolador que também é, o Espiritismo tem imensa tarefa a realizar no campo da caridade evangélica sendo, mesmo, um de seus mais expressivos lemas: "fora da caridade não há salvação". Este lema é profundamente verdadeiro, porque todo homem evangelizado tem a caridade como um impulso natural e espontâneo do seu coração; entretanto, é também certo e evidente que a prática da caridade não resolve o problema da redenção humana (que tem muitos outros aspectos). Esta é a razão pela qual dissemos que o exercício da caridade material é finalidade secundária, decorrente da finalidade principal da Doutrina Espírita.

Fonte: www.ger.org.br



O que é e o que não é Espiritismo

Existe uma confusão muito grande a respeito do que é ou não é Doutrina Espírita ou Espiritismo. Isto porque há pessoas que não sabem que as palavras "espírita" e "espiritismo" foram criadas em 1857, na França, pelo codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec. Somente deveriam utilizarem-se destes termos os locais religiosos ou pessoas que seguissem os postulados desta doutrina.

Assim, cultos e religiões que de alguma forma têm em suas práticas a comunicação de Espíritos e a crença na reencarnação são confundidas erroneamente com o Espiritismo.
Na verdade, embora mereçam todo o respeito dos espíritas verdadeiros, estas seitas são adeptas do espiritualismo ou esoterismo, e não do Espiritismo.

Todos aqueles que acreditam na existência do Espírito são espiritualistas. Mas nem todos os espiritualistas são espíritas, praticantes do Espiritismo.

Para que uma casa religiosa seja espírita, ela deve seguir os ensinamentos contidos nas Obras Básicas da Doutrina Espírita e no Evangelho de Jesus. Geralmente, os locais espíritas recebem o nome de: Centro, Grupo, Casa, Sociedade, Instituição ou Núcleo Espírita. Deve ser legalmente constituído, de acordo com as leis vigentes no país em que está instalado. Mesmo ostentando este nome, quem os visita necessita estar atento para quais as atividades e as formas como as mesmas são praticadas por seus dirigentes e auxiliares (veja o que um centro espírita faz).

Visando ajudar àqueles que não conhecem o Espiritismo, mostraremos abaixo o que se encontra e o que não deve ser encontrado em uma casa espírita verdadeira.

Palestras: todo centro espírita tem o seu momento de esclarecimento doutrinário. As exposições geralmente são sobre a Codificação espírita e o Evangelho de Jesus, em uma ligação direta com nosso cotidiano. Não há nenhum ritual antes dos trabalhos, a não ser uma prece evocando a proteção de Jesus e dos bons Espíritos (geralmente, a oração é feita em pensamento). Em algumas oportunidades, antes ou no final das palestras, alguns grupos fazem a apresentação de corais musicais, quase sempre formados por grupos de jovens. Porém, este tipo de procedimento não é aconselhável, sendo indicado que seja praticado em datas e horários diferentes dos trabalhos espirituais e de esclarecimento ao público, exatamente para se evitar confusões e mal-entendidos.

Explanações e orações ao som de músicas, batuques, atabaques: o Espiritismo não utiliza instrumentos musicais para exortar o público ou evocar Espíritos. Não há o uso de qualquer instrumento durante os trabalhos.

Trajes normais: os trabalhadores de uma casa espírita trajam-se normalmente, de forma simples. A discrição deve fazer parte dos que trabalham no local, pois ali estão para auxiliar as pessoas que buscam orientação para seus problemas materiais e espirituais.

Trajes especiais: o Espiritismo não tem roupas especiais para os dias de trabalhos ou mesmo no dia-a-dia dos seus adeptos. Enfeites, amuletos, colares, vestimentas com cores que significariam o bem (branca) ou o mal (negra, vermelha) não têm fundamento para o espírita.

Inexistência de rituais, amuletos e imagens: o verdadeiro centro espírita não pratica em suas atividades nenhum tipo de ritual. A Doutrina Espírita segue o que o Mestre Jesus ensinou: que Deus é Espírito, e deve ser adorado em espírito e verdade. Portanto, sem a necessidade de nada material para contatarmos com a espiritualidade.

Presença de rituais como: ajoelhar-se frente a algo ou alguém, beijar a mão ou louvar os responsáveis pela casa, benzer-se, sentar-se no chão ou ficar levantando e sentando durante os trabalhos, proferir determinadas palavras (mantras) para evocar os Espíritos. Nas sedes dos verdadeiros centros espíritas não são encontradas imagens de santos ou personalidades do movimento espírita, amuletos de sorte, figuras que afastam ou atraem maus Espíritos, incensos, velas e tudo o mais que seja material e que teoricamente serviria de ligação com o mundo espiritual.

Animais para sacrifício: o local que possui este tipo de prática ou decoração não é espírita. O Espiritismo é contrário a qualquer tipo de sacrifício animal. Espíritos que pedem este tipo de atividade são Espíritos atrasados, ignorantes da Lei de Deus e muitas vezes maléficos, que podem prejudicar a vida de quem dá ouvidos aos seus baixos desejos.

Comunicação particular com os Espíritos: os grupos espíritas têm reuniões específicas e íntimas para que os trabalhadores da casa, aptos e preparados durante longos estudos para tal, possam comunicar-se com os Espíritos. E através deles, obter informações do mundo espiritual, orientações e mesmo ajudar no afastamento de perturbações espirituais que porventura estejam prejudicando alguém. Todo este cuidado baseia-se na orientação dos próprios Espíritos superiores, responsáveis pela elaboração do Espiritismo, como também no alerta de João, o Evangelista, que em sua 1ª Epístola, capítulo IV, versículo 1, diz: "Amados, não creiais em todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são de Deus". Agindo assim, o centro espírita evita o máximo possível a influência de Espíritos zombeteiros e maldosos, que muitas vezes vêem neste contato com os encarnados a oportunidade de tecer comentários mentirosos e doutrinas esdrúxulas. A seriedade de reuniões fechadas os intimida, favorecendo a presença dos Espíritos esclarecidos.

Há alguns tipos de trabalhos mediúnicos, principalmente de psicografia (escrita dos Espíritos através de médiuns), onde pessoas levam até lá o nome de entes desencarnados para tentarem a comunicação dos mesmos através da mediunidade, e ficam observando a manifestação. O médium Francisco Cândido Xavier, conhecido como Chico Xavier, da cidade mineira de Uberaba, é um destes exemplos. Porém, nestes casos, o Espírito não se comunica diretamente com seu parente. Apenas influencia o médium, que escreverá, de forma discreta e ordenada, a mensagem do além.

Comunicação de Espíritos em público: a Doutrina Espírita é contrária a este tipo de manifestação, cercada geralmente de curiosidades e interesses materiais, ao invés do bom senso que deve permear toda comunicação espiritual. Há locais em que os médiuns recebem seus "guias" ou "Espíritos protetores", teoricamente responsáveis pelo funcionamento da casa, e orientam os consulentes sobre qualquer tipo de dúvida. Muitas vezes, as respostas dadas por este tipo de Espírito não têm base científica ou doutrinária alguma, seguindo apenas seu próprio conhecimento, que pode ser limitado. Em vários destes lugares em que há a manifestação pública, as entidades espirituais são servidas de fumo, bebida, comida, ingeridas pelo médium incorporado. Com isso, mostram a limitação destes Espíritos, ainda muito apegados aos vícios e prazeres materiais.

Desenvolvimento cauteloso da mediunidade: a Doutrina Espírita explica que todo ser vivo tem mediunidade, pois é através dela que os encarnados recebem influências boas e más do mundo espiritual, que servirão de ajuda ou aprendizado no decorrer de suas existências terrenas. São chamados de médiuns aqueles capazes de proporcionar a manifestação dos espíritos. O Espiritismo adverte que para poder ampliar esta ligação com o mundo espiritual, é necessário que o médium passe por uma série de preparativos. Anos de estudo, maturidade, modificação moral constante, vida regrada, abstendo-se dos vícios mais grosseiros, como o fumo e a bebida, são algumas das regras básicas para que o indivíduo possa vir a desenvolver sua mediunidade, e estão contidas em "O Livro dos Médiuns". Os centros espíritas verdadeiros não aconselham a pessoa a trabalhar mediunicamente sem antes passar por este período e preparação citados. Muito menos diz que alguém "precisa" desenvolver a mediunidade. Ninguém é obrigado a nada, afirma a Doutrina. Todos têm seu livre-arbítrio, e mesmo que o ser tenha um canal mediúnico amplo, próprio para o desenvolvimento da mediunidade, e não quiser desenvolvê-lo, não há problema. Tudo o que é forçado é prejudicial ao homem.

Desenvolvimento mediúnico forçado: se ao chegar em um ambiente espiritualista lhe afirmarem que sua mediunidade "precisa" ser desenvolvida, caso contrário você sofrerá as conseqüências materiais e espirituais; sua vida será um transtorno; que os Espíritos estão lhe chamando para o trabalho; que esta é a sua missão; com certeza este não é um local que segue a Doutrina Espírita. Há seitas e religiões afro-brasileiras que obrigam a pessoa a desenvolver-se mediunicamente e depois as ameaçam com terríveis problemas futuros se elas deixarem de "trabalhar". Isto gera angústia, medo e desespero nos envolvidos, que geralmente acabam vítimas de graves obsessões (influência maléfica persistente de um Espírito atrasado sobre outro ser). Cuidado!

Não há promessas de curas: o verdadeiro centro espírita não promete a cura para quem o procura. A Doutrina afirma que a cura de uma influência espiritual ou doença material depende de uma série de fatores, entre os quais a modificação moral do enfermo, sua necessidade, seus problemas relacionados com encarnações anteriores e acima de tudo, se há ou não a permissão de Deus para que haja a solução da dificuldade. Muitas vezes, o sofrimento é um período necessário para o ser refletir sobre sua existência, e o único que sabe quando é a hora disso terminar é o Criador. O que o centro espírita faz é um pronto-socorro aos necessitados de amparo e esclarecimento, e de todas as formas possíveis (orações, tratamentos espirituais, passes, orientações morais e materiais) tenta minimizar o sofrimento alheio, rogando a Jesus que se o Pai permitir, que interceda junto ao indivíduo.

Promessas de cura: qualquer lugar que prometa a cura de problemas espirituais ou materiais, sem levar em consideração os fatores já citados, não é um local espírita. Condicionar uma cura à freqüência exclusiva naquele ambiente, ao pagamento de dinheiro ou bens materiais, ou mesmo à "força da casa" não tem base no Espiritismo e foge do bom senso que regula as leis de Deus. Estas, não podem ser modificadas de acordo com nossa vontade. Por isso, prometer algo que não depende apenas de nós mesmos beira a irresponsabilidade e pode levar a pessoa desesperada ao desequilíbrio total ou à descrença em Deus.

Passes simples: o passe é um método utilizado dentro dos centros espíritas. Nada mais é do que a simples imposição das mãos de médiuns sobre a fronte de outras pessoas, transmitindo-lhes fluidos magnéticos e espirituais (energias positivas do próprio médium e de bons Espíritos), no intuito de fortalecer-lhes o corpo e a parte espiritual. Tem duração em média de 30 segundos a 01 minuto. Geralmente, é aplicado dentro de salas específicas, após a palestra, individual ou coletivamente, com o público sentado e o passista de pé. Apenas são feitas orações, em pensamento, pelos médiuns, rogando o amparo de Jesus àqueles que estão recebendo os fluidos. Os passistas não ficam incorporados pelos Espíritos, apenas recebem sua influência mental e fluídica. Importante: nunca há necessidade do passista tocar a pessoa que recebe o passe. Toques, apertos, carícias têm grandes possibilidades de serem mal-interpretados, gerando confusões, e por isso são dispensados no centro espírita.

Passes com movimentos: locais em que os passes são aplicados com movimentos bruscos, utilizando objetos, baforadas de cigarro ou charuto, estalando-se os dedos, repetindo mantras e cânticos, tocando várias partes do corpo do receptor não são centros espíritas. Passistas que transmitem os passes incorporados por entidades, fazendo orientações ou conversando normalmente, não são médiuns espíritas.

Todo o serviço espiritual é gratuito: o verdadeiro centro espírita não cobra nenhuma orientação ou ajuda espiritual de seu público, nem condiciona o recebimento de curas ou salvação às doações. Dar de graça o que de graça receber, ensinou Jesus, em alusão aos conhecimentos espirituais. Não aceita dinheiro por serviços prestados mediunicamente. Seus dirigentes e trabalhadores têm profissões próprias, que lhes dão o sustento financeiro necessário para suas vidas. Quem sustenta materialmente a casa espírita são seus trabalhadores, através de doações mensais, destinadas ao pagamento de aluguéis, manutenção, divulgação doutrinária e aquisição de alimentos, roupas e demais objetos a serem distribuídos às famílias carentes ou instituições filantrópicas que sejam assistidas pelo grupo. Todo valor arrecadado será exposto em balanços mensais, para que tanto trabalhadores como freqüentadores tenham acesso sobre onde é investido o dinheiro do centro espírita. Caso algum freqüentador da casa queira doar algo ao núcleo, é preferível que a doação seja feita em gêneros alimentícios, roupas, materiais de construção e afins, que poderão ser destinados aos carentes ou mesmo utilizados na manutenção da casa. Se houver por algum motivo uma doação em dinheiro, o centro espírita deverá fornecer um recibo ao doador e inscrever esta doação no balanço mensal do grupo.

Cobrança pela ajuda espiritual: todo local que cobra dinheiro, favores ou exige qualquer coisa ou favor material devido à ajuda espiritual prestada não é um centro espírita. A cobrança financeira é própria de pessoas que vivem da exploração da crença alheia, contrariando os ensinos de Jesus. Há seitas que pedem dinheiro aos seus assistidos afirmando que será usado para o feitio de trabalhos espirituais, como a compra de velas, comida, roupas e coisas do gênero. Isso não é Espiritismo. Espíritos que se prestam a fazer serviços espirituais em troca de coisas materiais são entidades atrasadas, que nada de bom podem trazer aos que os procuram.

Não podemos comprar a paz de espírito e tranqüilidade que buscamos, é isto que prega a Doutrina Espírita. Se não for esta a orientação do local, com certeza não é um ambiente espírita.


Fonte: www.espiritismo.org


sábado, 20 de dezembro de 2008

Meimei


Homenageada por tantas casas Espíritas, que adotam o seu nome; autora de vários livros psicografados por Chico Xavier, entre eles : "Pai Nosso", "Amizade", "Palavras do Coração", "Cartilha do bem ", "Evangelho em Casa", "Deus Aguarda", "Mãe" etc...e, no entanto,tão pouco conhecida pelos testemunhos que teve de dar quando em vida, Irma de Castro - seu nome de batismo - foi um exemplo de resignação ante a dor, que lhe ceifou todos os prazeres que a vida poderia permitir a uma jovem cheia de sonhos e de esperanças. Nascida em 22 de outubro de 1922, na cidade de Mateus Leme, MG, transferiu residência para Belo Horizonte em 1934, onde conheceu Arnaldo Rocha, com quem se casou aos 22 anos de idade, tornando-se então, Irma de Castro Rocha. O casamento durou apenas dois anos, pois veio a falecer com 24 anos de idade, por complicações generalizadas devidas a uma nefrite crônica.



A Origem da Doença


Durante toda a infância Meimei teve problemas em suas amígdalas.Tinha sua região glútea toda marcada por injeções. Logo após o casamento, voltou a apresentar o quadro, tendo que se submeter a uma cirurgia para extração dessas glândulas. Infelizmente, após a operação, um pequeno pedaço permaneceu em seu corpo, dando origem a todo o drama que viria a ter que enfrentar, pois o quadro complicou-se com perturbações renais que culminaram com hipertensão arterial e craniana.



O Sofrimento


Devido à hipertensão, passou a apresentar complicações oculares, perdendo progressivamente a visão e tendo que ficar dia e noite em um quarto escuro, sendo que nos dois últimos dias de vida já estava completamente cega. Durante os últimos dias de vida, o sofrimento aumentou. Tinha de fazer exames de urina, sangue e punções na medula, semanalmente. Segundo Arnaldo Rocha, seu marido, Meimei viveu esse período com muita resignação, humildade e paciência.



A Desencarnação


Os momentos finais foram muito dolorosos. Seus pulmões não resistiram, apresentando um processo de Edema Agudo, fazendo com que ela emitisse sangue pela boca. Seus últimos trinta minutos de vida foram de desespero e aflição. Mas, no final deste quadro, com o encerramento da vida física, seu corpo voltou a apresentar a expressão de calma que sempre a caracterizou. Meimei foi enterrada no cemitério do Bonfim, em Belo Horizonte.



Surge Chico Xavier


Aproximadamente cinqüenta dias após a desencarnação da esposa, Arnaldo Rocha, profundamente abatido, acompanhado de seu irmão Orlando, que era espírita, descia a Av. Santos Dumont, em Belo Horizonte, quando avistou o médium Chico Xavier. Arnaldo não era espírita e nunca privara da companhia do médium até aquele momento. Quase dez anos atrás haviam-no apresentado a ele, muito rapidamente. Ele devia ter pouco mais de doze anos. O que aconteceu ali, naquele momento, mudou completamente sua vida. E é ele mesmo quem narra o ocorrido : "Chico olhou-me e disse : "Ora gente, é o nosso Arnaldo, está triste, magro, cheio de saudades da querida Meimei"...Afagando-me, com a ternura que lhe é própria, foi-me dizendo : "Deixe-me ver, meu filho, o retrato de nossa Meimei que você guarda na carteira." E, dessa forma, após olhar a foto que Arnaldo lhe apresentara, Chico lhe disse: - Nossa querida princesa Meimei quer muito lhe falar!" E, naquela noite, em uma reunião realizada em casa de amigos espíritas de Belo Horizonte, Meimei deixou sua primeira mensagem psicografada. E, com o passar dos anos, Chico foi revelando aos amigos mais chegados que Meimei era a mesma Blandina, citada por André Luiz na obra "Entre a Terra e o Céu" (capítulos 9 e 10), que morava na cidade espiritual "Nosso Lar"; disse, também, que ela é a mesma Blandina, filha de Taciano e Helena, que Emmanuel descreve no romance "Ave Cristo", e que viveu no terceiro século depois de Jesus. Enfim, para concluir, resta apenas dizer que "Meimei" era um apelido carinhoso que o casal Arnando-Irma passou a usar, após a leitura de um conto chamado "Um Momento em Pequim", de autor americano. Ambos passaram a se tratar dessa forma: "Meu Meimei". E, segundo Arnaldo, Chico não poderia saber disso!



sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Aborto

1 – Há uma tendência na legislação humana, de permitir o aborto em casos de estupro ou grave risco de vida para a gestante. Qual o ponto de vista espírita?
A posição espírita está claramente definida na questão 359, de O Livro dos Espíritos. Só se justifica o aborto na segunda situação. Ao tempo de kardec o problema envolvia principalmente o momento do nascimento. Não raro, por problemas variados, a criança não nascia. morreriam mãe e filho. Então o médico optava por salvar a mãe, sacrificando a criança. Hoje dificilmente tal medida seria tomada. Hoje a cesareana resolveria o assunto. Mesmo em casos de grave cardiopatia, é possível levar a gestação até o fim, com cuidados médicos especializados.

2 – Não seria admissível o aborto também em casos de estupro, quando a concepção é resultante de um ato de violência contra a mulher?
Um crime não justifica outro. A agressão sexual que sofreu não outorga à mulher o direito de exercitar violência muito mais grave e comprometedora – contra a vida.

3 – Não seria impor uma carga psicológica que nem sempre a mulher está em condições de suportar? Há mulheres estupradas que não conseguem sequer conceber que asilam um filho no seio. Referem-se a ele como uma “coisa” ou um “monstro”.
Realmente, não é fácil. Não há porque censurar a mulher estuprada que busca o aborto. Não obstante, em seu próprio benefício, deveria evitar a comprometedora iniciativa, corrigindo sua postura. Não traz dentro de si uma “coisa” ou um “monstro”. Trata-se de um filho de Deus, um Espírito em processo reencarnatório.

4– E se, apesar de todos os esclarecimentos, a mulher não consegue aceitar o filho?
Pelo menos permita ao reencarnante a bênção do nascimento. Se não quiser ficar com ele, entregue-o à adoção. Há muitos casais que receberiam de bom grado um recém-nascido, sem necessidade de conhecer a mãe ou as circunstâncias que envolveram seu nascimento.

5 – Hoje exames sofisticados permitem detectar graves deficiências físicas na criança, em pleno seio materno. não seria benéfico o aborto, evitando problemas para ambos?
Sim, se eliminarmos a idéia de Deus e adotarmos a postura de Hitler que, a pretexto de favorecer uma raça ariana forte e saudável, recomendava a eliminação dos recém-nascidos nessas condições.

6 – E numa situação mais drástica? O exame revela que a criança sofre de anencefalia, falta de cérebro. Nascerá morta ou morrerá em seguida…
Admitindo a presença de Deus e a existência de um Espírito em processo reencarnatório, com a carga de seus compromissos e débitos, que originaram a má formação, não há como justificar-se o aborto, a não ser que essa situação envolva grave risco para a gestante. Não obstante, assim como no estupro, estamos diante de uma situação extrema, conturbadora, difícil, que cabe à gestante avaliar e decidir.

7 – Quais são as conseqüências do aborto para a mulher?
Ela agride o perispírito com o ato de violência contra si mesma, contrariando a Natureza. Terá lesões perispirituais que se refletirão no corpo, nesta existência ou numa próxima, gerando problemas como fibromas, tumores, esterelidade, frigidez, depressão… Obviamente sua gravidade dependerá do grau de envolvimento com o ato do aborto.
Uma jovem de 12 anos, obrigada pelos pais a submeter-se ao aborto, terá conseqüências mais leves. Já a mulher adulta, consciente do que é o aborto, estará mais comprometida.

8 – Há mulheres que se apavoram ao tomar conhecimento das conseqüências de um aborto que praticaram. Haverá condições para minimizar seus males.
Que tenha outros filhos ou os adote. Se não for possível dedique-se a crianças abandonadas. Faça algo por elas.
Simão Pedro diz em sua epistola universal, lembrando o ensinamento de Jesus, que o amor cobre a multidão dos pecados.

9 – Considerando que há uma tendência mundial no sentido de se deixar a mulher decidir quanto ao que fazer, diante da gravidez, não seria correto uma revisão dos postulados espíritas nesse sentido, algo que o próprio kardec admitia?
Kardec admitia que a doutrina é evolucionista e deve acompanhar os progressos da ciência, no conhecimento do universo. Em nenhum momento, entretanto, comentou que deveríamos mudar a postura espírita de respeito à vida.

Fonte: www.richardsimonetti.com.br


O Amor ao Próximo e o Amor a Si Mesmo - Nazareno Feitosa

Religião Espírita

Cultura é a herança social de um povo. É o conhecimento que um determinado grupo acumulou, e está acumulando, à medida que enfrentou e enfrenta situações, dificuldades, desafios. Essa herança é mantida através dos valores, dos conceitos, da mentalidade das pessoas, que, em constante mudança, fazem adaptações que atendem às necessidades do grupo.

A religião é um segmento particular dessa cultura. Os conhecimentos construídos através das experiências e vivências da pessoa, e do grupo ao qual pertence, quando enfrenta questões básicas como o significado do sofrimento, da dor, do Universo, da existência, da vida, de Deus, determinam um conjunto que é chamado de religião. Portanto, as diversas correntes religiosas que existiram, e as existentes, refletem diferentes necessidades, diferentes escolhas de questões prioritárias, diferentes interpretações, diferentes respostas, diferentes atitudes e comportamentos.

As respostas não são dadas, mas construídas pela pessoa ao enfrentar as situações que a sua trajetória de vida apresenta. A visão religiosa é, portanto, uma ferramenta que facilita a construção de respostas.

A visão de Deus, por exemplo, e a relação Dele com os homens, foram se modificando à medida que o homem foi tendo entendimentos e vivências que permitiram novas interpretações.

Para a Doutrina espírita, a interpretação religiosa resulta da soma do conhecimento de várias pessoas, encarnadas e desencarnadas, que superam os seus entendimentos anteriores, propiciando respostas que sejam aperfeiçoadas, ampliadas e sustentem um comportamento diferenciado. A interpretação não é definitiva, acabada, absoluta. É aberta, permitindo que novas sínteses sejam realizadas à medida que o conhecimento das pessoas envolvidas se amplie. A religião espírita, portanto, não tem dogmas, não tem posições a serem defendidas com o sacrifício da razão, da compreensão. A Doutrina não pede que se sustente o que não se entende pois essa atitude não resultará em ato consciente e responsável.

A religião espírita não é a religião do maravilhoso, do sobrenatural, do mágico, do oculto, do mistério, pois “toda a sua extensão é alcançável através do conhecimento” (A. Grimm).

Na visão espírita, a interpretação religiosa não está isolada de outros segmentos de entendimento humano, como a ciência e a filosofia. A ciência, a filosofia e a religião são interdependentes e se completam, resultando em um quadro muito mais amplo de entendimento do ser humano e da vida do que cada uma delas consideradas isoladamente.

Para a Doutrina, a religião não necessita de templos, de cultos, de cerimônias, de rituais, de fórmulas, de prescrições, de sacrifícios, de promessas, de sacramentos. Ser religioso, para a Doutrina, não é pertencer a uma igreja, a uma instituição formal. Não há necessidade de sacerdotes; não há intermediários na ligação entre pessoa, criatura, e o seu Criador, Deus.

O Espiritismo não vincula à religião os conceitos de salvação, de culpa, de castigo, de pecado, mas sim aos de consciência, responsabilidade, avaliação crítica dos atos praticados.

A religião espírita é uma religião interior. É transformação individual; é intensa e extensa modificação de comportamento da pessoa segundo valores que ampliam a consciência de sua unidade com o Criador.

A Doutrina espírita afirma a sua singularidade na fé como sendo “sempre a razão através do conhecimento” (L.J.Correia); na esperança, como empenho de construir melhor o futuro; na prece, como exercício de identidade com o Criador; na dor, como reflexão para mudanças; no livre-arbítrio, como fundamental para a evolução; na evolução, como o significado da vida; na moral, como defesa da vida; na morte, apenas como transição entre o polissistema material e o polissistema espiritual; em Jesus, como exemplo, referencial maior para o cotidiano; em Deus, como “a unidade que se revela todos os dias quando nos procuramos” (A. Grimm); na Religião, como comportamento sempre em transformação.

O Espiritismo é a religião da compreensão alcançada, do entendimento construído, dos valores vivenciados, da modificação consciente do comportamento através do conhecimento renovado de si mesmo, do conhecimento renovado do significado e da unidade da vida, do conhecimento renovado da identidade com o Criador.

A postura do religioso espírita é a que faz “...reflexão sobre a realidade em que se vive para alcançar o conceitual da sua origem, da significação do espiritual, da natureza, do semelhante, da finalidade evolutiva da vida, do exemplo sublime e benevolente de Cristo, da grandeza, da bondade, da justiça de Deus.” (Marina Fidelis)

O religioso espírita é o que sustenta pensamento, linguagem, comportamento, que o aproximam, cada vez mais, do agenciar conscientemente a organização, o ordenamento, a harmonia, a estruturação inteligente do Universo.


quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Caráter da Revelação Espírita

"Definamos primeiro o sentido da palavra revelação. Revelar, do latim revelare, cuja raiz, velum, véu, significa literalmente sair de sob o véu e, figuradamente, descobrir, dar a conhecer uma coisa secreta ou desconhecida. (...)".

"A característica essencial de qualquer revelação tem que ser a verdade. Revelar um segredo é tornar conhecido um fato; se é falso, já não é um fato e, por conseqüência, não existe revelação. (...)" O caráter essencial da revelação divina é, pois, o da eterna verdade. Toda revelação eivada de erros ou sujeita à modificação não pode emanar de Deus.

"O Espiritismo, partindo das próprias palavras do Cristo, como este partiu das de Moisés, é conseqüência direta da sua doutrina. À idéia vaga da vida futura, acrescenta a revelação da existência do mundo invisível que nos rodeia e povoa o espaço, e, com isso, precisa a crença, dá-lhe um corpo, uma consistência, uma realidade à idéia. Define os laços que unem a alma ao corpo e levanta o véu que ocultava aos homens os mistérios do nascimento e da morte. (...)"

"A primeira revelação teve a sua personificação em Moisés, a segunda no Cristo, a terceira não tem em indivíduo algum. As duas primeiras foram individuais, a terceira coletiva; aí está um caráter essencial de grande importância. Ela é coletiva no sentido de não ser feita ou dada como privilégio a pessoa alguma; ninguém, por conseqüência, pode inculcar-se como seu profeta exclusivo; foi espalhada simultaneamente, por sobre a Terra, a milhões de pessoas, de todas as idades e condições, desde a mais baixa até a mais alta da escala, conforme esta predição registrada pelo autor dos Atos dos Apóstolos: "Nos últimos tempos, disse o Senhor, derramarei o meu espírito sobre toda a carne; os vossos filhos e filhas profetizarão, os mancebos terão visões, e os velhos sonhos". (Atos, cap. II, v. 17,18). Ela não proveio de nenhum culto especial, a fim de servir um dia, a todos, de ponto de ligação."

"As duas primeiras revelações, sendo fruto do ensino pessoal, ficaram forçosamente localizadas, isto é, apareceram num só ponto, em torno do qual a idéia se propagou pouco a pouco; mas, foram precisos muitos séculos para que atingissem as extremidades do mundo, sem mesmo o invadirem inteiramente. A terceira tem isto de particular: não estando personificada em um só indivíduo, surgiu simultaneamente em milhares de pontos diferentes, que se tornaram centros ou focos de irradiação. (...)"

"A terceira revelação, vinda numa época de emancipação e madureza intelectual, em que a inteligência, já desenvolvida, não se resigna a representar papel passivo; em que o homem nada aceita às cegas, mas quer ver aonde o conduzem, quer saber o porquê e o como de cada coisa tinha ela que ser ao mesmo tempo o produto de um ensino e o fruto do trabalho, da pesquisa e do livre exame. Os Espíritos não ensinam senão justamente o que é mister para guiá-lo no caminho da verdade, mas, abstêm-se de revelar o que o homem pode descobrir por si mesmo, deixando-lhe o cuidado de discutir, verificar e submeter tudo ao cadinho da razão, deixando mesmo, muitas vezes, que adquira experiência à sua custa. Fornecem-lhe o princípio, os materiais; cabe-lhe a ele aproveitá-los e pô-los em obra".

"Além disso, convém notar que em parte alguma o ensino espírita foi dado integralmente; ele diz respeito a tão grande número de observações, a assuntos tão diferentes, exigindo conhecimentos e aptidões mediúnicas especiais, que impossível era acharem-se reunidas num mesmo ponto todas as condições necessárias. Tendo o ensino que ser coletivo e não individual, os Espíritos dividiram o trabalho, disseminando os assuntos de estudo e observação como, em algumas fábricas, a confecção de cada parte de um mesmo objeto é repartida por diversos operários.

A revelação fez-se assim parcialmente em diversos lugares e por uma multidão de intermediários, e é dessa maneira que prossegue ainda, pois que nem tudo foi revelado. Cada centro encontra nos outros centros o complemento do que obtém, e foi o conjunto, a coordenação de todos os ensinos parciais que constituíram a doutrina espírita. (...)"

"Nenhuma ciência existe que haja saído prontinha do cérebro de um homem. Todas, sem exceção de nenhuma, são fruto de observações sucessivas, apoiadas em observações precedentes, como em um ponto conhecido, para chegar ao desconhecido. Foi assim que os Espíritos procederam, com relação ao Espiritismo. Dai o ser gradativo o ensino que ministram".

"Um último caráter da revelação espírita a ressaltar das condições mesmas em que ela se produz, é que, apoiando-se em fatos, tem que ser, e não pode deixar de ser, essencialmente progressiva, como todas as ciências de observação. (...)"

"Entendendo com todos os ramos da economia social, aos quais dá o apoio das suas próprias descobertas, assimilará sempre todas as doutrinas progressivas, de qualquer ordem que sejam, desde que hajam assumido o estado de verdades práticas e abandonado o domínio da utopia. (...) Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado. (...)"

"Por sua natureza, a revelação espírita tem duplo caráter: participa ao mesmo tempo da revelação divina e da revelação cientifica. (...)" "Numa palavra, o que caracteriza a revelação espírita é o ser divina a sua origem e da iniciativa dos Espíritos, sendo a sua elaboração fruto do trabalho do homem".

"(...) A revelação cristã havia sucedido à revelação moisaica; a revelação dos Espíritos vem completá-la. O Cristo a anunciou (*), e pode acrescentar-se que ele próprio preside a esse novo surto do pensamento. (...)"

A nova revelação manifesta-se fora e acima das igrejas. Seu ensino dirige-se a todas as raças da Terra. Por toda parte os Espíritos proclamam os princípios em que ela se apoia. Por sobre todas as regiões do globo perpassa a grande voz que convida o homem a meditar em Deus e na vida futura. Acima das estéreis agitações e das discussões fúteis dos partidos, acima das lutas de interesse e do conflito das paixões, a voz profunda desce do espaço e vem oferecer a todos, com o ensinamento da palavra, a divina esperança e a paz do coração.

"É a revelação dos tempos preditos. Todos os ensinos do passado, parciais, restritos, limitados na ação que exerciam, são por ela ultrapassados, envolvidos. Ela utiliza os materiais acumulados; reúne-os, solidifica-os para formar uma vasto edifício em que o pensamento, à vontade, possa expandir-se. (...)"

"As Inteligências superiores, em suas relações mediúnicas com os homens, vêm completar essas indicações. Confirmam os ensinos ministrados pelos Espíritos menos adiantados; elevando-se a maior altura, expõem o seu modo de ver, as suas opiniões sobre todos os grandes problemas da vida e da morte, a evolução geral dos seres, as leis superiores do Universo. Todas essas revelações concordam e se unem para constituir uma filosofia admirável. (...)

Por isso, o moderno espiritualismo não dogmatiza nem se imobiliza. Não alimenta pretensão alguma à infalibilidade. Posto que superior aos que o precederam, o ensino espírita é progressivo como os próprios Espíritos. Ele se desenvolve e completa à medida que, com a experiência, se efetua o progresso nas duas humanidades, a da Terra e a do Espaço - humanidades que se penetram mutuamente e das quais cada um de vós deve, alternativamente, fazer parte (...)"

"(...) O ensino dos Espíritos, por toda parte, nos mostra a unidade de lei e substância. Em virtude dessa unidade, reinam na obra eterna a ordem e a harmonia. (...)"

(*) E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, por que o não vê nem o conhece. João XIV : 16 e 17.


Bibliografia: Estudos Sistematizados da Doutrina Espírita - FEB - Programa I - Edição 1996
XAVIER, Francisco Cândido. In: Fonte Viva. Ditado pelo Espírito Emmanuel.
20 ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1995, lição 139, p. 312.


terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Mediunidade

Cultura é a herança social. É todo o conhecimento acumulado pelas pessoas ao enfrentarem situações e desafios no cotidiano. Cada pessoa, motivada pela necessidade ou interesse e sustentada pela prontidão, fará continuamente conhecimento ao buscar um referencial diferente, que permita a construção de conceitos novos e, por sua vez, sustente comportamentos, atitudes renovados. As ferramentas que estão à disposição do ser humano nessa busca de referenciais diferentes são muito variadas. A mediunidade é uma dessas ferramentas que podem ser utilizadas para o crescimento do ser humano, mas o seu conceito, utilizado pelo senso comum, deve ser modificado.

No entendimento do Espiritismo, mediunidade não é sagrada, não é mística, não é mágica, não é sobrenatural. Não se alcança através de rituais ou de fórmulas predeterminadas. A sua prática é racional, equilibrada, transparente, fruto da persistência e da continuidade. O seu exercício envolve objetivo, planejamento e estruturação do processo.

A mediunidade não serve para "falar com os mortos", pois os espíritos desencarnados não se enquadram nesta concepção do imaginário da cultura material. A mediunidade não se reduz a um balcão de atendimento ao qual se recorre para resolver problemas. Não serve para dizer o que as pessoas devem fazer ou para decidir seu futuro, tolhendo o seu livre-arbítrio.

Para a Doutrina Espírita, mediunidade não deve ser vista como "transe". Mediunidade é sintonia e troca de experiência entre espíritos desencarnados e encarnados. Não há perda de consciência, não há anulação. Há soma das experiências das partes envolvidas, trazendo superação.

A mediunidade não "serve contra mau olhado" , não "serve para ganhar na loteria", não serve para justificar comportamentos anormais. Não "serve para desobsidiar espíritos". Não é "dom", não é "graça", não é castigo ou punição. É trabalho contínuo para a construção de um momento diferente, evidenciado no comportamento de cada um.

A mediunidade não faz milagres. Não concede "poderes" especiais. Ela não é fonte de todo o conhecimento. Os espíritos encarnados e os desencarnados envolvidos no processo mediúnico só conhecem alguma coisa na medida de suas experiências e de suas vivências.

A mediunidade não é exclusiva de algumas pessoas. Ela é uma capacidade, uma faculdade do espírito, que se aperfeiçoa pelo exercício e esforço pessoal. Ela é de todo o grupo cultural e está intimamente ligada aos seus valores e sentimentos. A mediunidade não está pronta e acabada, transforma-se e modifica-se ao longo do tempo, acompanhando o momento emergente, as situações vividas pelo grupo, a evolução das pessoas.

As pessoas evoluem pela soma de suas experiências e das experiências acumuladas pelo grupo social. Em constante crescimento interior, cada pessoa é diferente das outras porque vive experiências únicas ao longo de sua trajetória de vida. Ao ser colocada diante de novas situações, procura encontrar respostas em seu conhecimento acumulado ou no conhecimento acumulado de outras pessoas, estejam encarnadas ou desencarnadas.

Exercitar a mediunidade é buscar e encontrar respostas para as questões das pessoas e da sociedade, através da comparação dos referenciais de valores, idéias e sentimentos do polissistema material e do polissistema espiritual, úteis para a evolução da pessoa e do grupo.

Quando uma pessoa elabora um produto mediúnico está procurando, limitada pela prontidão do grupo cultural, evidenciar questões e/ou respostas novas para situações do social. Portanto, o seu produto é, antes de tudo, um produto cultural, com conceitos universais, alternativos, especialistas e individuais, e caracterizado por uma forma, com um significado e com uma função.

Mediunidade é instrumento que auxilia cada pessoa na construção do novo, através do rompimento de seus limites, ampliando a visão de si mesmo, dos outros, da natureza, de Deus. Mediunidade é expressão de identidade, é sintonia e troca de experiência. Mediunidade é interação entre os polissistemas material e espiritual.

Fonte: SBEE


sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Livre-Arbítrio

Para a Doutrina Espírita não há destino, não há predestinação, não há sorte ou azar. O futuro é construído todos os dias. Através de pensamentos e ações, o espírito e seu grupo cultural escolhem e determinam seus caminhos, exercitando uma característica indissociável do ser inteligente: o livre-arbítrio.

A evolução é o fundamento da vida e ocorre pela aquisição de conhecimentos em sentido amplo: técnico, afetivo, emocional, moral, filosófico, científico, religioso.

O espírito adquire conhecimentos novos através das experiências, vivências e convivências acumuladas ao longo de sucessivas situações pelas quais passa, tanto no polissistema espiritual como no material.

Ao somar conhecimentos novos, o ser modifica a visão que tem de si mesmo, dos outros, do mundo e de Deus, ou seja, amplia a sua consciência, evolui. O conhecimento e o comportamento resultantes das situações enfrentadas delimitam um caminho próprio para cada ser inteligente. De acordo com as suas escolhas, ele tem experiências diferentes e, em conseqüência, conhecimentos diferentes, que desenham uma seqüência própria que lhe confere individualidade. Na construção do perfil que caracteriza como único cada espírito (inteligência, afeto, sentimento, valor, consciência) a liberdade de escolha, o exercício do livre-arbítrio, é o que permite ao ser inteligente alcançar os objetivos da vida.

Os segmentos de conhecimento acumulados pelo espírito no decorrer de suas experiências determinam, proporcionalmente, uma capacidade de entendimento, compreensão e construção. O conhecimento que o espírito possui permite que ele solucione várias situações da vida. Dentro do limite do que já é conhecido pelo espírito as situações não se constituem em dificuldade e a sua resolução contribui para que os que convivem com o espírito alcancem, também, o conhecimento que ele domina.

Entretanto, como as experiências vividas são limitadas, o que o espírito sabe também é limitado. As dificuldades apresentadas na superação de algumas situações indicam as limitações do espírito.

A solução, o conhecimento capaz de resolver a dificuldade, no entanto, não se encontra pronta; deve ser construída, adaptada às características únicas da situação e das pessoas envolvidas. A construção da resposta se faz da própria experiência do espírito ou da experiência acumulada pelo outro, encarnado ou desencarnado, que será adaptada ao edifício de conhecimentos do espírito, de acordo com a sua capacidade de raciocínio, seus sentimentos, seus valores e seu entendimento. É a liberdade de escolha que determina quais segmentos de conhecimento, tanto em qualidade como em quantidade, serão assimilados e como serão acomodados e equilibrados em relação aos conhecimentos que já constituem o ser, de forma coerente, para sustentar comportamentos.

As situações que o espírito enfrenta ao longo de sua trajetória, tanto no polissistema espiritual como no material, podem ser uma conseqüência direta de suas atitudes anteriores, ou podem ser condicionadas por variáveis além do seu controle. Entretanto, a escolha que o espírito adota diante da situação apresentada é de sua completa responsabilidade. Dentro dos limites de seu entendimento, o espírito é responsável pelas conseqüências, efeitos, desdobramentos e novas situações geradas a partir de suas decisões.

Diante do desafio e de acordo com sua liberdade de escolha, a resposta do espírito poderá estar situada entre o "hediondo" e o "sublime". No entanto, com maior probabilidade, a resposta será compatível, coerente, com as decisões anteriores que a pessoa já tomou. Haverá escolhas mais ou menos adequadas para um certo espírito em um dado momento. Como os caminhos são múltiplos e as situações enfrentadas são diferentes, as respostas deverão ser diversas. O critério para se encontrar a resposta mais adequada será sempre individual. A coerência entre a verdade alcançada e a sua prática deverá nortear a escolha consciente. Quanto maior o cruzamento de experiências que puder ser mobilizado e considerado antes da tomada de decisão, maior a probabilidade dela estar coerente com a história de vida da pessoa até então; maior a chance da decisão preencher a necessidade do espírito naquele momento. O autoconhecimento, portanto, é fundamental, para o exercício pleno do livre-arbítrio.

Escolhas que afastem o ser inteligente da coerência com sua história propiciam desdobramentos com menor qualidade ou quantidade de experiências e, conseqüentemente, reduzem o aproveitamento daquela seqüência de experiências.

Muitas vezes, no entanto, as conseqüências de uma atitude ou pensamento podem não ser tão significativas. A escolha pode alterar a ênfase e a direção da trajetória, modificando as possibilidades existentes, mas sem conotação positiva ou negativa. As experiências possíveis, após a decisão, passam a ser diferentes das planejadas, mas igualmente significativas para a evolução do espírito na medida em que segmentos diferentes de conhecimento são explorados.

As conseqüências que se seguem ao exercício de escolha, propiciam experiências que vão contribuir para o crescimento do espírito na medida em que ele, consciente, se empenhe em aproveitá-las. O espírito cresce na medida em que se esforça por preservar ou ampliar as experiências que são favoráveis ou modificar as que não são adequadas.

O exercício do livre-arbítrio sofre a influência dos chamados paradigmas da cultura, da inteligência e da contingência, que podem potencializar ou dificultar o seu exercício pleno.

As influências sobre o livre-arbítrio são em primeiro lugar relativas ao conhecimento alcançado. Quanto maior o domínio sobre um segmento de conhecimento, tanto maior será o entendimento e a responsabilidade sobre as decisões. As decisões tomadas por uma pessoa, no exercício de seu livre-arbítrio, podem alterar, potencializar ou limitar o exercício do livre-arbítrio de outras pessoas.

O exercício do livre-arbítrio é tanto uma atividade individual como do grupo social. As limitações e as capacidades do espírito se relacionam com as do grupo. As limitações e as capacidades do grupo refletem a soma da mentalidade de seus membros, determinando uma massa crítica que sustenta ou inibe algum tipo de comportamento. O meio cultural, no qual um espírito está encarnado, determina um quadro dentro do qual ele passa a se mover. Este quadro facilita atitudes e comportamentos na medida em que algumas soluções já experimentadas estão à disposição como exemplo. Em contrapartida, pode limitar, ao aceitar apenas comportamentos com características aceitas pelo grupo, dificultando a exteriorização das potencialidades do espírito. Atitudes que atuem contra a mentalidade dominante do meio cultural exigem maior esforço para a sua sustentação, necessitando do apoio de um referencial diferenciado.

O grupo cultural evolui, muda seu comportamento, na medida em que seus membros evoluem, ou seja, esforçam-se para romper suas limitações, que também são, em parte, as do grupo. O grupo, não esquecendo de considerar aqui a família, pode determinar, criticar, inibir, sustentar, reforçar, permitir, propiciar, direcionar, induzir, limitar e estimular pensamentos e atitudes. O meio cultural é a maneira pela qual uma pessoa compartilha suas experiências com os outros.

A inteligência, como capacidade de resolver problemas, determina uma ou algumas abordagens preferenciais que selecionam o que será considerado como problema, as respostas alcançadas e os caminhos que serão utilizados. Se há facilidade por um lado, por outro limitam-se as opções. A forma pela qual a cultura, associada às características biológicas estruturou a inteligência, direciona a solução de problemas.

Há ainda, afetando o livre-arbítrio, as chamadas contingências, entendidas como incertezas sobre se uma coisa acontecerá ou não, o que pode ou não suceder, o eventual, o incerto, determinado por variáveis fora do controle da vontade da pessoa ou grupos envolvidos.

O espírito que reencarna se submete a algumas condições pelo fato de estar na Terra que também afetam o exercício do livre-arbítrio. A alimentação, o sono, o envelhecimento, as limitações do físico, da visão, da audição, as formas de comunicação, as condições do meio ambiente, etc.

Dentre os conceitos fundamentais que compõe o núcleo do Espiritismo, o livre-arbítrio é o aspecto da lei maior que sustenta a evolução do universo inteligente. Livre-arbítrio é a ação do espírito no limite de seu conhecimento, e responsável na medida de seu entendimento.

Fonte SBEE.


A Terra

A TERRA é um magneto enorme, gigantesco aparelho cósmico em que fazemos, a pleno céu, nossa viagem evolutiva.

Comboio imenso, a deslocar-se sobre si mesmo e girando em torno do Sol, podemos comparar as classes sociais que o habitam a grandes vagões de categorias diversas.

De quando em quando, permutamos lugar com os nossos vizinhos e companheiros.

Quem viaja em instalações de luxo volta a conhecer os bancos humildes em carros de condição inferior.

Quem segue nas acomodações singelas, ergue-se, depois, a situações invejáveis, alterando as experiências que lhe dizem respeito.

Temos aí o símbolo das reencarnações.

De corpo em corpo, como quem se utiliza de variadas vestiduras, peregrina o Espírito de existência em existência, buscando aquisições novas para o tesouro de amor e sabedoria que lhe constituirá divina garantia no campo da eternidade.

Podemos, ainda, filosoficamente, classificar o Planeta, com mais propriedade, tomando-o por nossa escola multimilenária.

Há muitos aprendizes que lhe ocupam as instalações, na expectativa inoperante, mas o tempo lhes cobra caro a ociosidade, separando-os, por fim, de paisagens e criaturas amadas ou relegando-os à paralisia ou à cristalização, em largos despenhadeiros de sombra.

Outros alunos indagam, dia e noite... e, com as perquirições viciosas, perdem os valores do tempo.

Imaginemos um educandário, em cuja intimidade comparecessem os discípulos de primária Iniciação, exigindo retribuições e homenagens, antes de se confiarem ao estudo das primeiras lições.

O menino bisonho não poderia reclamar esclarecimentos, quanto à congregação que dirige a casa de ensino onde está recebendo as primeiras letras.

E, ante a grandeza infinita da vida que nos cerca, não passamos de crianças no conhecimento superior.

Vacilamos, tateamos e experimentamos, a fim de aprender e amealhar os recursos do Espírito.

Compete-nos, assim, tão-somente, um direito:

O direito de trabalhar e servir, obedecendo às disciplinas edificantes que a Sabedoria Perfeita nos oferece, através das variadas circunstâncias em que a nossa vida se movimenta.

Ninguém se engane, julgando mistificar a Natureza.

O trabalho é divina lei.

Pesquisar indefinidamente, na maioria das vezes é disfarçar a preguiça intelectual.

A vida, porém, é ciosa dos seus segredos e somente responde com segurança aos que lhe batem à porta com o esforço incessante do trabalhador que deseja para si a coroa resplendente do apostolado no serviço.

Emmanuel